Esteticamente, os auditórios podem variar bastante. Geralmente, os de empresas e universidades são mais sóbrios, adotando uma arquitetura tradicional, enquanto os que abrigam concertos e outros espetáculos costumam investir em uma personalidade arquitetônica própria.

Desenvolvido e inspirado com o foco na criação dos elementos acústicos, o auditório do Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR), de autoria do escritório Simples Arquitetura, possui painéis difusores em garrafas de vidro reutilizadas.

Localizado no bairro de Horto, na cidade de Belo Horizonte, em Minas Gerais, o empreendimento é uma associação pública com finalidade assistencial ligada ao governo do estado mineiro. Para o desenvolvimento do projeto os autores contaram com a ajuda do músico, e também arquiteto, Leo Moraes, especialista em acústica.

A proposta arquitetônica do espaço, montado em um antigo galpão de 511 metros quadrados, valoriza a reciclagem de materiais descartáveis, demonstrando estreita sintonia com a primeira construção do CMRR. A identidade do espaço ficou evidente com a criação dos elementos acústicos com os materiais utilizados.

De acordo com a arquiteta e autora do projeto, Natália Botelho, os idealizadores da obra solicitaram uma arquitetura que contemplasse um tratamento e condicionamento acústicos para o auditório. Sendo assim, o escritório optou em preservar a estrutura original e modificar apenas o conteúdo interno, trabalhando diretamente a acústica.

Construção econômica

Sem dispor de nenhum recurso tecnológico, a obra contou com materiais comuns e de baixo custo, e as montagens simplificadas permitiram a realização de um projeto eficiente e de execução rápida. O que atendeu de primeira a pequena verba disponível para instalação do auditório.

Acústica

“Criamos painéis difusores nas laterais com garrafas de vidro reutilizadas, dispostas em alturas alternadas, para conseguirmos a propriedade acústica desejada”, conta a arquiteta sobre a solução desenvolvida no auditório.

As paredes foram transformadas em painéis de absorção e revestidas com lã de vidro e tecido fosco, além de intercaladas por quadros difusores feitos com fundos de garrafas de vidro. Posicionados em alturas alternadas, os painéis asseguram a baixa reverberação do som.

Natália explica que o teto metálico recebeu placas de gesso inclinadas, e o piso definido – porém não instalado – é de madeira plástica ecológica, por que visa a qualidade acústica do local. “O forro de gesso também foi projetado para tratar acusticamente o ambiente. Painéis de absorção em lã de rocha revestidos com tecido revestem o fundo”, completa.

O escritório Simples Arquitetura, também foi responsável pelos projetos luminotécnicos e de interiores. Os arquitetos desenvolveram um sistema de iluminação embutido para o auditório do Centro Mineiro de Referência em Resíduos. Já os quadros difusores, além da função acústica, desempenham o papel estético no ambiente, pois se assemelham a uma instalação artística, causando um efeito diferente.

O auditório do Centro Mineiro de Referência em Resíduos, foto –  (CMRR) possui painéis difusores formados por garrafas de vidro reutilizadas para melhorar o tratamento acústico do espaço Foto/Imagem:Gustavo Xavier – Poltrona Itamarati – Fornecedor: Permanenza Móveis –

Texto: Nuri Farias

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